Talvez estejam a questionar "que raio de título é esse?". P'ra quem não vê o Canal 2, esclareço que (para além do título de uma música dos Red Hot Chilli Pepers, que constestaram pelos direitos de autor) "Californication" é o nome de uma série que passa neste canal à 2ª feira à noite. E foi ontem, ao assistir a um novo episódio, que dei conta que afinal alguns dos meus pensamentos sobre a sociedade actual também são partilhados (ou, pelo menos, questionados) pela malta cinematográfica.
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Hoje em dia, quase ninguém escreve! Refiro-me a escrever mesmo, utilizando o tradicional (e para alguns antiquado) papel ou (vá lá) o computador, mas escrever em bom português. Nada daquela linguagem cibernauta cheia de abreviaturas e siglas que a geração dos nossos pais nem sequer entende de tão recente e codificada que é. A minha geração e principalmente as que se seguem mal sabem o prazer que há na escrita. Parece que escrevem à força e pela língua portuguesa não há paixão alguma. Utilizam sms a toda a hora, sem pontuação, sem acentuação e com uma leitura que para os leigos parece código morse. E nos emails "idem, aspas". É verdade que há quem tenha os blogs (yes, i'm guilty), mas mesmo aqui a escrita fica muito aquém do valor que devia ter.
Tenho 25 anos e adoro escrever em papel. Tenho blocos de notas como se de diários se tratassem (talvez porque em criança me incutiram a importância de escrever diariamente) e, à excepção deste blog, raramente publico um texto que seja sem primeiramente o redigir em papel - é assim que as ideias fluem melhor e é de caneta na mão que verdadeiramente sinto gosto por aquilo que faço. Já durante o curso de jornalismo, e até mesmo enquanto trabalhei no jornal, era esse o meu método de eleição; redigir em papel para depois o passar para o computador. E tento fazê-lo sempre de forma apaixonada, cumprindo as leis de gramática que hoje em dia tantas vezes são ignoradas. Confesso que me assusta até a ideia de dar erros ortográficos e fico abismada sempre que os vejo, sobretudo nos meios de comunicação social (foi das coisas com que mais me debati no jornal enquanto lá trabalhei; sendo os meus colegas profissionais, parecia-me inadmissível apresentarem erros nas suas redacções e ficava possessa quando não me permitiam corrigi-los antes de enviar o jornal para a gráfica só por andarem sempre com a pressa de quem deixava tudo para a última hora).
Escrevam! Não é preciso redigir páginas como se pretendessem publicar um livro. Mas tentem fazê-lo e constatem que até é engraçado, nem que seja a fazer um relato da própria vida. As ideias vão fluindo e cada vez vamos tendo mais gosto naquilo que pomos no papel. É viciante - pelo menos, para mim é - como se um bichinho se apoderasse das nossas mãos...
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