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O ser humano em geral não sabe estar sozinho. Sozinho e quieto. Tranquilamente sem ter medo do silêncio e da solidão. Sem questionar o que os outros possam pensar dele. Sem recear os seus próprios pensamentos.
Cruzes, é tão bom quando se pára e consegue ter um tempo só para nós. Não pensar em nada, olhar o vazio, sem nada que nos ocupe as mãos ou nos retenha a atenção. Eu acho que é bom, necessário até para a individualidade de cada ser. Não me importo nada de ir sozinha a uma sala de cinema, por exemplo. Não me incomodam os olhares interrogatórios, não me assustam os comentários de quem tudo critíca. Fosse assim e não tería os meus momentos tão preciosos passados em esplanadas ou passadiços na praia, onde não preciso de livro algum para justificar a minha presença lá ou de telemóvel algum que me faça esquecer que estou só. Olhar o infinito basta! Respirar um ar que "é só meu" basta!
Penso nisto hoje, porque ainda há pouco me incomodava com uma "dondoca" à espera num centro de radiologia e sempre de telemóvel na mão. Enlouqueceu-me, juro-vos, o som das teclas de quem esteve ali horas a jogar, incapaz de escutar o silêncio à volta, incapaz de respeitar quem dele queria gozar. Não houve um segundo que levantasse o olhar e enfrentasse quem ali estava - quase ninguém, quase "o vazio". Sempre que a chamavam ia apressada e sempre que regressava de novo à espera pegava de imediato no seu "escape". - cheguei a fugir dela, confesso! Sem um televisor para onde olhar, sem um rádio para ouvir, parece que as pessoas não se conseguem acomodar... Porquê?! O que torna um ser humano tão dependente??
Fica o pensamento no ar... (ou não - mas pronto, hoje foi o que me apeteceu escrever)
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